Reflexões sobre a vida monástica cristã e sua história a partir da proposta de "vita simplex" realizada durante cinco décadas pelo Mosteiro de Santa Maria de Serra Clara (1957-2006) PAX
29.1.24
Isto é para mim
símbolos
a humanidade divinizada
Natal segundo Santo Agostinho
fonte www.santarita-oar.org.br
diálogo
9.1.24
um coração dilatado
A opção fundamental para a glória de Deus, a referência fundamental a uma transcendência, ao Absoluto, é constitutiva do coração do homem. São Bento é simplesmente consciente que o coração do homem é feito assim, vive assim, está vivo se vive assim. E a vida do coração é a felicidade, o sentido da completude.
São Bento herdou sua sensibilidade para a natureza do coração humano da Bíblia, da tradição patrística, por exemplo, de Santo Agostinho, de Cassiano, de São Basílio, etc. Mas também, direta ou indiretamente, dos melhores filósofos pagãos da antiguidade.
A primeiríssima frase da Regra é: «Escuta, filho, os preceitos do mestre, e inclina o ouvido do teu coração» (Prol. 1).
É impossível algo de novo na vida se não se parte da exigência de felicidade que cada coração humano traz em si. Cedo ou tarde, o homem deve, entretanto, reconhecer que não consegue dar a si mesmo a felicidade. Daí o convite a volver para um mestre a capacidade de escuta que se encontra no coração humano, para alguém que possa nos guiar a partir de uma experiência da verdade da vida. O essencial, para São Bento, é que o coração diga livremente sim a uma salvação que não provém dele. O essencial é que o coração, consciente de sua incapacidade de se salvar sozinho, mas também de seu desejo inalienável de plenitude e de felicidade, decida escutar um Outro, e que o escute com a disponibilidade para se deixar guiar, instruir, conduzir para a vida.
O resultado desse labor é que o coração se dilata, isto é, torna-se mais livre, mais ele mesmo, mais capaz de desejar a felicidade. É o que São Bento promete no fim do Prólogo: «Com o progresso da vida monástica e da fé, dilata-se o coração e com inenarrável doçura de amor é percorrido o caminho dos mandamentos de Deus» (Prol. 49).
A expressão «coração dilatado» exprime uma capacidade de amor que permite à liberdade abraçar toda a vida, toda a realidade. A dilatação do coração quer dizer que a pessoa está unificada, sem nada para censurar da realidade. O amor que a habita torna-se relação gratuita com tudo e com todos. Toda a vida se torna viva porque se torna amor, um amor que escolhe tudo, acolhe tudo, respeita tudo, se sacrifica por tudo, renuncia a tudo e, no entanto, possui tudo. Direi que o sucesso do caminho pelo qual a Regra nos guia é como uma simpatia para com toda a realidade, uma afeição por tudo, que torna a pessoa capaz de gerar para a positividade tudo o que encontra e tudo o que faz.
O «coração dilatado pela inenarrável doçura de amor» engendra, antes de tudo, um olhar diferente sobre as pessoas e as coisas e, por conseguinte, uma relação diferente. E a relação diferente muda as coisas, muda as pessoas, torna-as melhores, as faz crescer, as repara se foram feridas ou destruídas.
Foi este novo olhar que reconstruiu e edificou a civilização européia. A decadência do império romano e as destruições bárbaras haviam embaçado e obscurecido o olhar sobre o homem e sobre o real. Tudo se tornou ruína, pessimismo, derrotismo. Quem ousaria ainda edificar alguma coisa, tomar uma iniciativa, esperar algo de novo?
São Bento intuiu, em meio a essa decadência, que era preciso olhar mais além, olhar de outro modo, olhar um Outro. Entrementes ele se retirou sozinho por três anos numa gruta, a fim de exercitar esse olhar de Deus. Saiu dessa experiência com um olhar renovado. Não tinha mais necessidade de mudar previamente a realidade e a sociedade para ver a positividade de todas as coisas. A positividade, ele a trazia em si mesmo, estava em seu olhar; ele compreendeu que devia ajudar os outros a fixar o olhar mais além de si mesmos, mais além de suas misérias e das do mundo.
confiabilidade
8.1.24
O mistério do reino
Jesus é o Reino de Deus presente e a adesão à sua pessoa significa entrar e viver no Reino. O Reino de Deus está no meio das pessoas (Cf. Lc 17, 21). Seu trono é a Cruz, prova definitiva e plena de amor, com a qual a morte é vencida e a vida resplandece na Ressurreição do Senhor e as portas se abrem para todos.
5.1.24
Tempora Bona Habeatis
Era um monge e todos diziam que era um santo. Sempre bem humorado e sempre ocupado, todos invejavam a vida longa e feliz que sempre tivera. Um belo dia, veio visitá-lo um anjo do Senhor e encontrou-o na cozinha a lavar as panelas.
3.1.24
São Basílio Magno
A vida monástica surgiu na
Ásia Menor com Eustáquio, Bispo de Sebaste, pouco tempo depois do monaquismo
surgido no Egito Eustáquio teve muitos discípulos e organizou mosteiros.
São Basílio (329-379) foi seu
discípulo até que com ele rompeu pela questão dogmática do reconhecimento da
divindade do Espírito Santo.
São Basílio nasceu na
Capadócia, de família rica e profundamente religiosa. Teve a primeira instrução
em Cesaréa e instrução superior em Constantinopla e Atenas, onde se tornou
amigo muito próximo de São Gregário Nazianzeno. Abraçando a “vida ascética” por
influência do Bispo Eustáquio, viajou pelo Egito, Palestina, Mesopotâmia, Síria,
em peregrinação pelos mosteiros. Despojando-se dos seus bens em favor dos
pobres, fundou em 358 um mosteiro. Chamado pelo bispo de Cesaréa como
conselheiro, mais tarde o sucedeu na sé episcopal. Conservando a saudade da
vida ascética, fundou um mosteiro em Cesaréa o qual visitava diariamente e
escreveu uma regra para os monges. Morreu aos 50 anos de idade esgotado pelas
austeridades.
Até recentemente para a maioria dos historiadores monásticos, São Basílio e sua obra teriam sido um prolongamento de São Pacômio, do qual teria sido profundo conhecedor a ponto de aperfeiçoar-lhe a fraternidade e humanidade, normatizando a preocupação com a produção agrícola. No entanto, com a divulgação da documentação copta pacomiana uma nova visão se impôs sobre as tão faladas “manufaturas pacomianas”, os “monges-operários”, os “mosteiros-casernas”.. O papel principal de São Basílio, na verdade, foi o de conselheiro espiritual de ascetas reunidos em comunidades. As “Regras de São Basílio” não são regras propriamente ditas, mas respostas ou normatizações às questões que lhe eram propostas quando de suas visitas às comunidades de ascetas.
O “Pequeno Asceticon” que
chegou até nós em sua versão siríaca e na tradução latina de Rufino é o embrião
das chamadas “regras basilianas”.
Por formação e temperamento
São Basílio era inclinado a identificar vida ascética e vida cristã, a ponto de
afirmar que ascetas nada mais são que
cristãos coerentes consigos mesmos.
1.1.24
Espiritualidade II
Espiritualidade
efeitos & causas
Olhamos extasiados a máquina capaz de calcular o lucro que dará a próxima colheita de café. Olhamos com frieza apática a pequena...
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